7 dicas para a difícil travessia em busca da contabilidade perdida

Contexto Hiperburocrático da tecnoburocracia

No Brasil, contadores estão submetidos a um processo anómalo de hiperburocracia estatal, que os coloca num ambiente extremamente complexo, arriscado e custoso. Neste ambiente o empresário, seu cliente, acaba não tirando proveito de todo o poder que a contabilidade pode agregar ao seu negócio, o que poderia reduzir a altíssima taxa de mortalidade infantil empresarial.

Uma tentativa, que completou 11 anos, foi o SPED (Sistema Público de Escrituração Digital), que se propunha a reduzir a burocracia, por meio da extinção ou migração de várias obrigações acessórias em papel, como notas fiscais, livros e declarações, para o meio digital, infelizmente não conseguiu cumprir plenamente o seu papel.

Passado esse tempo, o resumo da ópera do SPED é que permaneceram várias declarações, e pra piorar, foram criadas outras, sem integrações plenas com estados, municípios e tampouco o nome “público” foi efetivamente empregado, pois as informações ficaram concentradas na Receita Federal, não surtindo o efeito necessário de publicidade aos entes federados ou organismos de controle social.

Convivemos então, com um ambiente extremamente hostil de tecnoburocracia, com inúmeras declarações, prazos, regulamentações de obrigatoriedade confusas, além de constantes mudanças e alta redundância de informações duplicadas.

É claro, que é preciso reconhecer, que, por outro lado, o SPED foi fundamental para enquadrar os pilantras de plantão, nos processos da operação lavajato, pois após montado um verdadeiro Big Brother fiscal, bastaram apenas alguns filtros, e cruzamentos, para capturar os infratores e reduzir a sonegação e informalidade reinante no país.

Iniciando a Travessia

Mas tudo isso foi apenas um “pequeno” contexto histórico, para o que vamos falar, que é a travessia tão necessária que contadores e empresários precisam fazer à 4ª revolução industrial, que finalmente poderá livrar-nos das garras deste nefasto processo, dando vazão ao poder oculto da contabilidade.

Mas a questão não é tão fácil quanto pode parecer. Apesar da contabilidade sempre surfar na onda da tecnologia em estado da arte, há um contexto de ruptura cultura no mindset tanto dos empresários contábeis, quanto dos seus clientes, além de uma necessária disrupção, nos modelos de negócios atuais e nas ferramentas de trabalho, passando por uma reformulação das tarefas, perfil e aptidões dos colaboradores de escritórios contábeis, que até então tinham um perfil técnico e de poucas habilidades de relacionamento.

A inteligência artificial chegou. E agora?

Costumo dizer que a questão agora é termos “High tech com high touch”, ou seja, altíssima tecnologia como Inteligência Artificial, Machine Learning, Robotização, Business Intelligence, plataformas contábeis mobile e Erps em Saas, com uma pegada muito forte de proximidade e relacionamento com o cliente, e ainda o uso efetivo da ciência contábil, que foi propagada por imortais como Antônio Lopes de Sá e César Abicalaffe, ambos membros da academia Brasileira de Ciências Contábeis, sendo o professor César Abicalaffe, nosso contemporâneo, e um profundo estudioso, criador de um método consagrado de aplicação das ciências contábeis com a metologia Company Control, de Gestão Empresarial para Eficácia Máxima, com balanços projetados, que criou por meio da análise de mais de 3000 fórmulas nos últimos 50 anos, após o suicídio de empresários próximos devido ao desespero de uma falência.

Como manobrar o Navio nos mares da transformação?

Mesmo que estejamos ainda no meio de um processo tão intenso de transformações, que nem sabemos exatamente quando se dará o fim da travessia, não podemos esperar que cessem as mudanças, pois como um transatlântico não pode ser manobrado na mesma velocidade que um jetsky, é preciso agir agora para garantir que a curva seja possível de ser realizada com segurança e assertividade, garantindo chegar ao final.

Ou seja, o ritmo das mudanças são intensos, mas estamos conduzindo um transatlântico que é todo o contexto de décadas que trazemos conosco, além da mentalidade nossas e dos nossos clientes, que também precisa evoluir (e rápido) para garantir que não sejamos extintos pelos concorrentes e accountechs que estão recebendo pesados investimentos de olho no mercado contábil, e eles são rápidos e crescem de forma exponencial.

No momento atual (enquanto as transformações estão em curso) eis 7 dicas para travessia

Por isso, deixo aqui 7 dicas que podem ajudar, no caminho da transposição à contabilidade perdida, facilitando assim a prática efetiva da ciência contábil em sua essência, apesar da hiperburocracia ainda dominante:

  1. Não há como não investir em tecnologia, então comece urgentemente a utilizar, ferramentas para automatizar tarefas repetitivas e previsíveis. Existem empresas especializadas em importações de xml, lançamentos contábeis, robotizações de processos etc;
  2. Volte a estudar a ciência contábil em sua essência, há cursos on-line como os do professor Abicalaffe que apresentam um método efetivo para já começar a aplicar nos seus clientes mais organizados imediatamente após o curso;
  3. Para clientes mais organizados ou os novos, busque implantar sistemas de gestão on-line, integrados à contabilidade, ou que permitam exportar para seu sistema contábil. Há uma verdadeira corrida de várias empresas na direção do 100% on-line, como Conta Azul, Omie, Nibo, erpm8.cloud dentre outras;
  4. Inicie processo de conscientização de seus funcionários sobre a necessidade de mudança de mindset, para que não se apeguem à forma atual de fazer contabilidade, pois há um grande risco de automatização;
  5. Visite e se reúna mais com seus clientes, para discutir as informações contábeis, você pode começar com questões simples como comparativos de faturamento, custos fixos, carga tributária, precificação, riscos fiscais, bem como ajudar a organizar melhor as empresas e modernizar processos;
  6. Comece a planejar a transição do seu modelo de negócios focado em compliance, para ir mudando gradativamente rumo à análise das informações contábeis geradas, bem como a aproximação e
  7. Capacite o seu pessoal, para iniciar esse segundo nível de exigência que requer um pouco (muito) mais de raciocínio, conhecimento de negócios e estudo de matérias como: fluxo de caixa, giro, margens de contribuição, necessidade de capital de giro etc.

Então é isso aí, meus caros colegas, a única coisa que não podemos fazer agora é ignorar ou menosprezar o processo de revolução na forma de se fazer contabilidade, e achar que podemos continuar fazendo apenas hiperburocracia, e mesmo que ela seja reduzida, apenas as tarefas de execução contábil sem nenhuma análise. A mudança exige sacrifícios sim, mas será recompensadora e lucrativa, além de representar nossa sobrevivência e de nossos clientes a longo prazo. Eu também estou nesse processo! Boa viagem a todos!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *